“Letramento e
capacidades de leitura para a cidadania”, de Roxane Rojo
Ler no computador é
melhor do que nos livros.
Fonte: professordigital.wordpress.com. Acesso em: 15/06/2013
Não se pode
negar nem ignorar que os computadores e os celulares fazem parte do cotidiano
de muitos brasileiros e que eles fazem uso das novas tecnologias para se
comunicarem com amigos e familiares. Segundo LEVY (1999:32) o ciberespaço é o novo
meio de comunicação que surge com a interconexão mundial de computadores, hoje é
o principal canal de comunicação e suporte de memória da humanidade a partir do
início do século 21.
A escola como
instituição educacional, também precisa atender essa nova demanda cultural,
pois os alunos já fazem uso dos gêneros digitais e consomem produtos e serviços
dessa rede de comunicação global.
É esse cotidiano, é esse modo de vida e essa cumplicidade entre o global
e o local que vai construindo a nossa identidade, a nossa cultura em todos os
níveis, se assim podemos dizer. TRIGUEIRO (2005:6)
A interatividade
que a cultura digital promove é muito mais interessante do que o giz e a lousa
da sala de aula. Nela o aluno tem acesso a outros dados, a outras informações
relacionadas, pode ver imagens em tempo real ou captadas e armazenadas, pode
comunicar-se com pessoas espalhadas pelo mundo, pode conhecer manifestações
populares de outras localidades, quando esses conhecimentos são apropriados
para reinventarem, preservarem ou modificarem a maneira como vêem o mundo ao
seu redor, ele cria novas perspectivas de vida.
Se o aprendiz ou usuário produz, usa e controla,
ele ganha, já se ele se tornar um usuário pacífico, que apenas fica sentado em
frente à tela ou em frente ao professor, ao quadro negro, ele perde, torna-se
tudo entediante. (Silva, 2004, p.5)
Mas a maneira que o educando utiliza as informações disponíveis no
ciberespaço está equivocada, o aluno, enquanto ser transformador da sua cultura
deveria usar, controlar, apropriar, incorporar, interagir e produzir seu
conhecimento, porque segundo TRIGUEIRO (2005:2) essas aproximações, das
culturas populares e midiáticas no mundo globalizado são cada vez mais
intensas.
Como se vê a velocidade com que os gêneros digitais estão evoluindo à
medida que novos serviços e novos formatos digitais vão sendo agregados aos já
existentes. Cabe ao professor explorar esta
interatividade que a internet proporciona e utilizá-la como uma ferramenta de
ensino e não repudiar aqueles que fazem uso de sua multimodalidade, pois os
recursos tecnológicos proporcionam os letramentos multissemióticos,
multiculturais, críticos e protagonistas, já que permite o uso de diferentes
áreas de conhecimento, isto é, a multidisciplinaridade.
Como diz Marco
Silva (2004 p.1), o professor acostumado ao primado da transmissão na educação
e na mídia de massa tem agora o desafio de educar na cibercultura.
Com a
acessibilidade que as novas tecnologias possibilitaram ao imenso “mar” de
informações disponíveis na rede virtual, o educador acostumado e engessado na
educação tradicional, precisa atualizar-se e abrir-se ao novo mundo que está
cada vez mais presente não só da vida de seus alunos, mas na dele também.
As práticas didáticas de leitura no letramento escolar não desenvolvem
senão uma pequena parcela das capacidades envolvidas nas práticas letradas
exigidas pela sociedade abrangente: aquelas que interessam à leitura para o
estudo na escola, entendido como um processo de repetir, de revozear falas e
textos de autor(idade) – escolar, científica – que devem ser entendidos e
memorizados para que o currículo se cumpra. (ROJO, 2004)
Portanto, o uso das novas
tecnologias na sala de aula e no cotidiano dos alunos vai produzir um
significado quando consideramos a capacidade que essas ferramentas apresentam
de se transformarem e se integrarem umas às outras a todo o momento e a escola deve
se ocupar da cultura digital e da global, só assim ela garantirá que os alunos
possam usar esses modos de pensar e de fazer a favor de seu crescimento pessoal
e do desenvolvimento de suas comunidades. Para isso deve-se
considerar uma série de procedimentos, de estratégias e das capacidades de
leitura do educando:
·
Ativação de
conhecimentos de mundo;
·
Antecipação ou
predição de conteúdos ou propriedade dos textos;
·
Checagem de
hipóteses;
·
Localização e
/ou cópia de informações;
·
Comparação e
generalização de informações;
·
Produção de
inferências locais e globais;
·
Recuperação do
contexto de produção do texto;
·
Definição de
finalidades e metas da atividade de leitura;
·
Percepção de
relações de intertextualidade, de interdiscursividade e de outras linguagens;
·
Elaboração de
apreciações estéticas e/ou afetivas de apreciações relativas a valores éticos
e/ou políticos.
A escola deve ser considerada como um local que possibilite o aluno a desenvolver
todas as capacidades de seu conhecimento com confiança e com autoridade, sendo
ele não só o coadjuvante do processo de ensino-aprendizagem, mas também o protagonista
desta construção.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BRAGA,
Denise Bértoli & Buzato, Marcelo El Khouri. da Multiletramentos, Linguagens e Mídias, Disciplina
do Curso de Especialização REDEFOR-Língua Portuguesa. Campinas/SP: SEE-SP/UNICAMP,
2011. Tema 2, Tópico 2 (AVA).
LÉVY, Pierre. Cibercultura.
Tradução de Carlos Irineu da Costa.
São Paulo,SP:Editora 34, 1999.
ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São
Paulo: SEE: CENP, 2004.
SILVA, Marcos. INDICADORES DE INTERATIVIDADE PARA O PROFESSOR PRESENCIAL
E ON-LINE, Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, n.12, p.93-109,
maio/ago. 2004
TRIGUEIRO, O.M. A espetacularização das culturas populares ou produtos
culturais folkmidiáticos. Brasília. 2005. Disponível em http://www.bocc.ubi.pt/pag/trigueiro-osvaldo-espetacularizacao-culturas-populares.pdf.
Acesso em 31/08/2011
Boa noite, Helena!
ResponderExcluirParabéns! O blog de vocês está lindíssimo.
Eu gostei muito deste texto que você postou, muito interessante.
Beijos.
Xenia,
ResponderExcluirObrigada pela visita e pelo elogio. Espero ter contribuído com as nossas reflexões sobre leitura.
Abraços,
Helena Yukie